terça-feira, 18 de junho de 2013

Correção da revisão

TEXTO GERADOR : Recado ao senhor 903 (Rubem Braga) Vizinho -
 1. Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal - devia ser meia-noite - e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 - que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão; ao meu número) será convidado a se retirar às 21 :45, e explicarei:que o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas - e prometo silêncio.
 2. ...Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: "Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou". E o outro respondesse: "Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela".
 3. E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.

 I- Observando os fragmentos retirados do texto , classifique as orações:

 a) que me mostrou a carta ORAÇ SUBORD ADJT EXPLICATIVA
 b) que estou desolado ORAÇ SUBOD SUBST OBJ DIRETA
 c) se não o fosse ORAÇ SUBORD ADVERB CONDICIONAL
 d) que o 903 precisa repousar ORAÇ SUBORD SUBST APOSITIVA
e) que o levará até o 527 ORÇ SUBORD ADJ RESTRITIVA
 f) quando um número não incomoda ORAÇ SUB ADV TEMPORAL
g) mas o respeita ORAÇ COORD SIND ADVERSATIVA
h) e prometo silêncio. ORA COOR SIND ADITIVA
 i) que a vida é curta ORAÇ SUB SUBST OBJ DIRETA

 II -Agora classifique a figura presente nos fragmentos:
a) Todos esses números são comportados e silenciosos PROSOPOPEIA OU PERSONIFICAÇÃO
 b) e come de meu pão e bebe de meu vinho POLISSÍNDETO
c) o murmúrio da brisa nas árvores PERSONIFICAÇÃO
d) e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.POLISSÍNDETO

 III- Pode-se afirmar que este texto é uma crônica por quê?
 a) trata de forma pessoal e bem humorada um fato cotidiano. CERTA
b) tem como objetivo esclarecer e orientar as pessoas.
 c) procura colher informações sobre os vizinhos.
 d) visa a convencer o leitor a mudar o seu comportamento.
e) faz a biografia da vida do autor

 IV- Ao ler a crônica, percebe-se que :O senhor do 1003 é o emissor e fala com o do 903." Quem fala aqui é o homem do 1003. "Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal - devia ser meia-noite - e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia." Analisando o fragmento destacado, identifique pronomes possessivos que caracterizem o emissor e receptor:

903: SUA 1003: MEU

 V- Observe o fragmento retirado do texto:" Prometo. Quem vier à minha casa (perdão; ao meu número) será convidado a se retirar às 21 :45". Assinale a alternativa em que torna-se impossível a pontuação, pois feriria a gramática normativa:

a) Prometo que quem vier à minha casa...
b) Prometo: quem vier à minha casa...
 c) Prometo – quem vier à minha casa...
 d) Prometo, quem, vier à minha casa... CERTA

 VI- Ao realizarmos uma leitura atenta, observamos que as pessoas, no texto, não têm nomes. São numeradas. O que simboliza tal fato?
 a) que os seres humanos só podem ser identificados por número.
b) que os números já substituíram os nomes das pessoas.
 c) que os homens não se conhecem. CERTA
 d) que as pessoas vivem como irmãos
 e) que os homens não se respeitam mais.

2 comentários:

  1. Querida Professora,
    Perdoe usar este espaço, mas não encontrei outra alternativa.
    Por uma dessas coincidências da vida, estava esta tarde de 21 de junho em um trajeto fora do meu cotidiano. As indicações de mobilizações populares na Baixada Fluminense fizeram com que encurtasse meu dia e voltasse para casa. Havia pedido a um mecânico para revisar meu carro e que no final do dia o levasse ao meu trabalho. Com as indicações de mobilização, o Centro de Nilópolis encerrou atividades às 15 horas e resolvi que voltaria para casa de ônibus.
    Assim que entrei no coletivo, tive a impressão de que as escolas da Baixada haviam liberado suas turmas ao mesmo tempo. Um azáfama de jovens e adolescentes ocupava o ônibus. Nestes dias, é natural que os jovens esqueçam a civilidade - quando a têm! - e deixem de ceder seus lugares aos idosos, mesmo aqueles sentados nos assentos preferenciais.
    Em meio àquela turba de estudantes uniformizados, um único aluno do Colégio Estadual Mestre Hiram. Sentado em um banco único, exatamente atrás do motorista, ladeado por aquelas grades e vidros que separam o passageiro da roleta.
    Em Olinda entrou uma senhorinha bastante idosa, que foi ignorada pelos estudantes sentados nos assentos preferenciais. Mas não pelo aluno do Colégio Mestre Hiram. O menino ergueu-se, segurou a idosa pelo braço e a conduziu ao assento. Um perfeito cavalheiro. Um cidadão exemplar. Como que movidos por uma ordem muda, os outros estudantes principiaram a ceder seus assentos aos idosos no coletivo.
    Naquele instante, vi como as ideias se formam e contagiam as pessoas. Um gesto simples. Uma obrigação, no meu tempo de criança. Uma escolha consciente do aluno do Colégio Mestre Hiram.
    Em meio a tantos outros estudantes, aquele menino calçando um tênis branco com a logomarca da Coca-Cola, sobressaiu, destacou-se; e ao se destacar, destacou a escola onde estuda.
    Agradeceria imensamente se alguém pudesse levar esta mensagem aos professores do Colégio Estadual Mestre Hiram: Parabéns a todo o Corpo Docente deste colégio. Vocês fazem a diferença e eu sou testemunha! Parabéns a todos os alunos do Colégio Mestre Hiram! O futuro do País está garantido com vocês.
    Por fim, parabéns ao menino de tênis branco com a logomarca da Coca-Cola: quando eu começava a desacreditar no futuro do País, onde jovens se mobilizam e baderneiros se destacam, com este gesto simples você me devolveu a fé nesta geração. Obrigado pela lição.
    Jacob Miguel El-mokdisi

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    1. Obrigada, por pessoas como você, sabemos que cada gesto nosso recebe o devido eco. Deus esteja sempre presente em nossas vidas. Hoje, sou ainda mais feliz!

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